ANTÔNIO NOBRE - ESCRITOR PORTUGUÊS

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Antônio Nobre
Antônio Pereira Nobre nasceu no Porto em 16 de agosto de 1867. Estudou no Porto e em Coimbra, e em 1890 seguiu para Paris, onde se formou em direito (1895), época em que conheceu o simbolismo. De volta a Portugal, entrou para a diplomacia, mas não foi nomeado porque, tuberculoso desde criança, sua saúde se agravou. Passando também por sérias dificuldades materiais, era sujeito a crises de melancolia e angústia. A procura da saúde o levou a temporadas em Seixo, viagens à Suíça e a Nova York.

Apresentando quadros da vida popular envolvidos de mistério simbolista, os versos de Antônio Nobre são de uma amarga ironia por trás de uma aparente candura infantil.

A única obra de Antônio Nobre publicada em vida é o volume Só (1892), que ele mesmo disse ser "o livro mais triste que há em Portugal". O título é justificado pelo conteúdo, que reflete sua preocupação exclusivamente consigo próprio. Em "Balada do caixão", faz ironia em torno de sua doença, servindo-se do "dandismo" de Byron. O tom geral é de um pessimismo passivo, uma melancolia complacente. Entre o desespero ("Ah, deixa-me dormir, dormir!") e a vontade de vencer ("Adeus! eu parto, mas volto, breve..."), Nobre sonha evadir-se de Portugal, mas no poema "Lusitânia no Bairro Latino" chora o "Lúgubre outono do mês de abril".

Antônio Nobre cresceu como filho da aristocracia rural decadente. Associando sua fraqueza física ao declínio de sua classe, parece querer revitalizar-se, com o povo e sua matéria viva, seu sangue, seus produtos: "Ó pôr-do-sol de azeite!" Em busca de vida e força, voltou-se para o povo, cantando o sangue vermelho de camponeses e pescadores, a pureza das raparigas do campo, o pitoresco das romarias. Inspirou-se na mitologia popular, nas lendas e romanceiros. Reproduziu a fala dos simples, a ortografia errada dos pregões. Sem ser panfletário, soube deixar bem clara a tragédia dos pobres, e identificou-se com seu sofrimento.

Antônio Nobre morreu em Foz do Douro em 18 de março de 1900. Outros dois volumes de versos, Despedidas (1902) e Primeiros versos (1921), saíram postumamente.

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