GÉRSON - SOCCERS
Gérson dividiu sua carreira entre a fama de craque e a de canalha. Por falar muito, contra tudo e todos, ganhou o apelido de "Papagaio". Brigou com jogadores, com dirigentes e com torcedores, mas seu argumento é inapelável: a perna esquerda maravilhosa, capaz de fazer lançamentos com a precisão de passes curtos. Numa época em que meia só atacava, ele também combatia, o que o tornava essencial em qualquer time. Gérson (11/01/1941-), nascido em Niterói, Rio de Janeiro, filho de um ex-jogador do América e do Canto do Rio, ainda garoto costuma ouvir os conselhos de ninguém menos que Zizinho, amigo de seu pai. Com 17 anos, passa a treinar no Flamengo e logo se profissionaliza. Na decisão do Campeonato Carioca de 1962, o time é campeão com um empate contra o Botafogo. O técnico Flávio Costa chama Gérson, dá a camisa 11 e diz: "Você vai ajudar o Jordan (lateral do Flamengo) a marcar o Garrincha". Gérson tenta argumentar, dizendo que podia pôr o time inteiro na lateral que ninguém seguraria o Garrincha, mas não houve acordo. Resultado: Botafogo 3 x 0. No ano seguinte, os dois voltam a brigar. O meia vai embora no meio do campeonato, deixando de ser campeão pelo rubro-negro, e acerta com o Botafogo. Campeão carioca (1963) pelo Flamengo; carioca (1968/69) e da Taça Brasil (1968) pelo Botafogo; paulista (1970/71) pelo São Paulo, tendo sempre bons contratos, consegue fazer fortuna numa época em que poucos jogadores conseguiam, passando a ter fama de intransigente e mercenário. Mas a de craque permanece, ao menos até 1964, quando joga muito mal um torneio de seleções, a Copa das Nações, em que perde até pênalti numa vitória argentina (3 x 0) no Pacaembu. A partir daí, passam a chamá-lo de covarde. O fiasco brasileiro no Mundial da Inglaterra aumenta ainda mais o tom das críticas. Talvez por isso Gérson tenha feito da Copa de 1970 uma redenção em grande estilo.