WALDEMAR CORDEIRO - ARTÍSTA PLÁTICO ÍTALO-BRASILEIRO

Cordeiro, Waldemar (1925-1973)

Movimento (1951);
Dólar (1966);
Auto-Retrato Probabilístico (1969).

Waldemar Cordeiro nasceu na Itália, em 1925 e iniciou sua formação artística na Escola de Belas Artes de Roma. Cursou também gravura na Escola de São Giácomo e estudou com o pintor De Simone. Veio para o Brasil em 1946, instalando-se em São Paulo. Inicia seu trabalho como jornalista, produzindo críticas de arte e desenhando caricaturas para o diário latino, publicado em italiano. É contratado pela Empresa Folha da Manhã para fazer reportagens políticas e ilustrações. "O trajeto de Cordeiro é claro: uma aventura da razão. Os quadros, antes de mais nada, eram o suporte da investigação e da reflexão sobre a arte e seu lugar nas sociedades urbano-industriais. A visão política da cultura marca sua perspectiva crítica da arte e a dimensão predominantemente ética de suas propostas", aponta Anna Maria Belluzzo no seu texto "Waldemar Cordeiro, uma aventura da razão". Em 1947 conhece os artistas Luis Sacilotto, Geraldo de Barros e Lothar Charoux, que participavam da exposição 19 Pintores, na Galeria Prestes Maia, em São Paulo. Participa da fundação da filial paulista do Art Club, em 1949. Três anos depois, funda o Grupo Ruptura, ao lado de Geraldo de Barros, Luís Sacilotto e outros artistas. "Waldemar Cordeiro foi um artista de amplos interesses, dedicado não somente à prática artística como também à teoria e à crítica de arte, que atuou na cidade de São Paulo entre o final da década de 1940 e início de 1970. Por sua origem, formação e convicções ideológicas, Cordeiro materializa a figura do artista culto, politizado, essencialmente urbano, de verve cosmopolita e que pensa a arte inserida no âmago de uma sociedade industrial", explica Helouise Costa, curadora da exposição Waldemar e a Fotografia, parte do projeto Arte Concreta Paulista. "Sempre preocupado com a fundamentação teórica de seu trabalho, Cordeiro mantêm-se atualizado em relação ao pensamento crítico de sua época, aderindo e renegando princípios, que ele conjuga a alguns referenciais teóricos essenciais, aos quais permaneceria fiel ao longo de toda a sua atividade artística", completa em seu texto. Waldemar integra, em 1956, o Movimento Concreto paulista e conhece os poetas Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos. Foi presidente da União dos Artistas Plásticos de São Paulo, em 1957. Em meados da década de 60, influenciado pela pop art, cria seus popcretos, como os denomina Augusto de Campos. "Os trabalhos popcretos continham um processo de objetivação da realidade do momento, mediante a apresentação das coisas. Porém a análise dessa produção coloca em evidência aplicação de princípios construtivos à linguagem do cotidiano. Se este cotidiano, pressuposto como realidade, exigiu de Cordeiro soluções 'combativas', ele entretanto tem sempre em mente uma nova abordagem da arte concreta, não se despojando de sua formação construtivista", explica Daisy Valle Machado Peccinini de Alvarado em sua tese de douturado Novas figurações, novo realismo e nova objetividade: Brasil anos 60. Nesse período, afasta-se da ortodoxia concretista. Trabalha com objetos mecânicos, como na obra Beijo, e, em 1970, introduz no Brasil o uso do computador nas artes visuais, realizando as primeiras pesquisas em plotagem. "A arte moderna, depois de um período sintático (relação formal entre signos) e de um período - mais recente - pragmático (relação dos signos com o intérprete), inaugura um período semântico (relação do signo com as coisas). A montagem compõe vários fragmentos, ou vários quadros de diferentes tendências num só quadro. É esta mais uma expressão do antidogmatismo, do antiestilo da arte moderna: arte aberta. A nova figuração escolheu aqui como tema a própria arte contemporânea", disse certa vez Waldemar Cordeiro. Ainda em 1970, torna-se professor na Universidade de Campinas (Unicamp), em São Paulo, onde dirige o Centro de Processamento de Imagens do Instituto de Artes. Em 1972, realiza em São Paulo a mostra Arteônica - O Uso Criativo dos Meios Eletrônicos em Arte e foi membro da Computers Art Society de Londres. Waldemar Cordeiro faleceu no dia 30 de junho de 1973. Fernanda Lopes Fotógrafo e pintor, o artista plástico Geraldo de Barros nasceu em Xavantes, (São Paulo), em 1923. Nos anos de 1945/47, estudou com Clóvis Graciano, Colette Pujol e Takaoka. Em 1947 funda, juntamente com Ataíde de Barros, Antônio Corelli, Takaoka e outros o Grupo dos 15. "Geraldo de Barros, o pintor figurativo de tons e desenho realçado do Grupo dos 15, fez em 1948, nos livros de arte, a descoberta de Paul Klee (1879-1940), o que o levou a abeirar-se do mundo interior do mestre suíço-alemão. Este futuro membro do Grupo Concreto logo se peculiarizaria pela utilização de diferenciados canais expressivos: pintura, monotipia, gravura e fotografia. Por esta última é que se fez sua passagem da figuração para a abstração", explica Walter Zanini no livro História geral da arte no Brasil organizado por ele. Organizou o Laboratório de Fotografia do Museu de Arte de São Paulo (MASP), em 1949. No ano seguinte, expôs Fotoformas (fotografias) no MASP. Ganhou bolsa do governo francês, em 1951 e viajou para Paris, onde estudou litogravura na Escola de Belas-Artes e gravura no ateliê de Hayter. Conheceu Max Bill na escola de Ulm, Alemanha. Em 1952, em São Paulo, participa da fundação do Grupo Ruptura, ao lado de Waldemar Cordeiro, Luiz Sacilotto, Charoux, entre outros. A partir de 1954, desempenha importante papel na área do desenho industrial e da comunicação visual: funda a Cooperativa Unilabor e a Hobjeto Móveis, dedicadas à produção de móveis, e a Form-Inform, responsável pela criação de marcas e de logotipos. No ano de 1956 expôs na XXVII Bienal de Veneza, recebendo o Prêmio Aquisição. Participou da I Exposição Nacional de Arte Concreta no Museu de Arte Moderna de São Paulo (não participando da versão da exposição no Rio de Janeiro). Em 1960 participou da Mostra Arte Concreta - 50 Anos de Desenvolvimento, na Sociedade de Arte de Zurique, Suíça. Em 1966, participa da criação do Grupo Rex, que introduziu em São Paulo exposições de rua, com Wesley Duke Lee, Nelson Leirner, Carlos Fajardo, Frederico Nasser e José Resende. Em 1977, expôs 12 anos de Pintura 1964-1976 no MASP. Em 1984, participou da exposição Tradição e Ruptura: Síntese de Arte e Cultura Brasileiras, concebida pela Fundação Bienal de São Paulo. Em 1990, expôs Jogo de Dados, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. No ano de 1993 realizou uma retrospectiva de seus trabalhos na Casa das Rosas (São Paulo). Participou da Bienal Brasil Século XX e da exposição Tendências Construtivas no Acervo do MAC - USP. Participou da I (Prêmio Aquisição), II (Prêmio Aquisição), organizador da sala Fotografias; XI, XV (Sala Especial em Homenagem a Premiados das Bienais Anteriores) e XXI Bienais de São Paulo. Geraldo de Barros faleceu dia 17 de abril de 1998, aos 75.

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