MARQUÊS DE MARICÁ (MARIANO JOSÉ PEREIRA DA FONSECA): ESCRITOR E FILÓSOFO BRASILEIRO

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Mariano José Pereira da Fonseca, o marquês de Maricá, viveu entre 1773 e 1848, tendo vivido, portanto, até a espantosa idade de 75 anos. Em 1813, começou a publicar, no jornal O Patriota, no Rio de Janeiro, suas Máximas, pensamentos e reflexões, assinadas por "Um Brasileiro". A partir de 1839 até o ano de sua morte, editou a coletânea de suas máximas. Foram várias edições e 4.188 aforismos sobre os mais diversos assuntos, que agora se publicam nesta página. Na tradição dos livros de sabedoria, desde as referências do Velho Testamento, as Máximas do Marquês de Maricá não foge ao perfil conservador que costuma marcar este tipo de gênero literário, sobretudo em seu recorte moral. No caso presente, chama atenção a insistência quase obsessiva do autor pelo tema do envelhecimento, que, para o autor, seria o lugar da sabedoria e da prudência. Este tema ocupa mais do 10 por cento dos 4.188 aforismos.

Para o leitor atual, as famosas máximas do Marquês servem talvez de retrato do senso comum, ou melhor: são documento relevante do que pretendiam nossas elites e de como construíam seus valores políticos, sociais, éticos e, acima de tudo, o patrimônio moral, sempre legitimado pela religião. Por esse último aspecto é que as Máximas ganham subjetividade e se aproximam de uma espécie de memorialismo. O Marquês de Maricá não soube, porém, ou não quis, resguardar-se das marcas de sua própria enunciação, como aconselhava a tradição do gênero, e registrou, em grande parte dos aforismos, sua amargura e o pessimismo de um intelectual formado na tradição do liberalismo, que não consegue evitar a sensação de glória perdida. Hoje, a leitura dos aforismos do Marquês pode ser uma viagem arqueológica ao subsolo do continente perdido dos valores burgueses da sociedade brasileira.

Mariano José Pereira da Fonseca, marquês de Maricá, formou-se em filosofia e matemática em Coimbra. Foi preso, em 1794, por suspeita de participação na Inconfidência Mineira, ficando detido até 1797, quando foi perdoado. De 1808 a 1821 foi tesoureiro da Imprensa Régia e da Fábrica de Pólvora. Participou do movimento da independência, da elaboração da Constituição do Império, ocupando os cargos de Conselheiro de Estado (1822), ministro da Fazenda (1823/1825) e senador. Celebrizou-se, contudo, por sua obra de filosofia moral Máximas, Pensamentos e Reflexões, editada em 1839, composta de artigos que começara a publicar na imprensa em 1813

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