Schmuel Yosef Agnon
Sammuel Josef Czaczkes, conhecido pelo pseudônimo de Schmuel Yosef
Agnon, nasceu em Buczacz, hoje Galich, na Rússia, em 17 de julho de
1888. Seus pais eram poloneses e vizinhos dos pais de Freud. Foi educado
principalmente por preceptores, com ênfase na literatura alemã e na
tradição judaica. De 1903 a 1906 escreveu em hebraico e iídiche, ainda
usando seu nome real. De 1907 a 1913 viveu na Palestina, depois na
Alemanha até 1924, quando se radicou em Jerusalém. Adotou o nome Agnon a
partir do livro de estréia, Agunot (1908), passando a escrever só em
hebraico.
Entre os autores modernos de expressão hebraica, Schmuel Yosef Agnon distinguiu-se como o ficcionista mais representativo, e sua importância foi reconhecida com a concessão do Nobel de literatura em 1966.
Sua primeira obra de mérito é Hakhnassat Kalá (1919; O dote da noiva), epopéia de uma aldeia polonesa nos tempos do czarismo. Seu protagonista, Yudel Hasid, encarna as andanças e angústias dos judeus no império austro-húngaro e na Rússia dessa época. No romance Ore'ah natá lalun (1938; O hóspede de uma noite) Agnon recria o panorama sombrio de uma comunidade ilhada e aterrorizada. Mas sua obra-prima, `Tmol shilshom (1945; Anteontem), é consagrada à diáspora, ao judeu ocidentalizado e à questão de Israel.
O estilo de Agnon, entremeado de toques bíblicos e talmúdicos, foi comparado à arte das iluminuras, a vitrais e afrescos de Rouault e Chagal, a certos filmes de Chaplin. É uma prosa intencionalmente arcaica e, por isso, de difícil tradução. Transformado em verdadeiro símbolo em Israel, estado pelo qual lutou a vida inteira, Schmuel Yosef Agnon morreu em Jerusalém em 17 de fevereiro de 1970.