Abílio Guerra Junqueiro
Abílio Manuel Guerra Junqueiro nasceu em Freixo-de-Espada-à-Cinta,
Trás-os-Montes, Portugal, em 17 de setembro de 1850. De família rica e
severamente católica, que pretendeu que ele tomasse ordens, formou-se em
direito pela Universidade de Coimbra. Depois entrou em contato com os
intelectuais do Cenáculo e colaborou na revista Lanterna Mágica.
Secretário dos governos de Angra e Viana, chegou a ter na república
prestígio político, elegendo-se deputado e representando o país em
Berna.
Célebre por sua poesia anticlerical, Guerra Junqueiro obteve em suas sátiras efeitos de caricatura que intensificaram a retórica de seus versos.
Guerra Junqueiro estreou com Mysticae nuptiae (1866), onde já se observa um tanto de sua retórica e panteísmo. Em A morte de D. João (1874) valeu-se da virulência para analisar o don-juanismo. A musa em férias (1879), coleção de poemas, é sensivelmente influenciado por Chansons des rues et des bois (Canções das ruas e dos bosques), de Victor Hugo. Nessa época ingressou no grupo Vencidos da Vida, de que faziam parte Eça de Queirós e Oliveira Martins.
Influências francesas também apontam em sua obra mais conhecida, A velhice do Padre Eterno (1885), sátira anticlerical, contundente pelo humor e caricatura. Em 1891, depois de publicar Finis patriae e Canção do ódio, de sátira política, retirou-se para suas propriedades no Douro, onde se inicia sua evolução para um vago misticismo, caracterizado pela piedade para com os humildes. Isso e mais o gosto pela musicalidade e a variedade formal são as bases do volume de versos Os simples (1892). Guerra Junqueiro morreu em Lisboa em 7 de julho de 1923.