Akutagawa Ryunosuke nasceu em Tóquio, em 1o de março de 1892 e estudou
literatura inglesa na Universidade Imperial. A publicação do conto
"Rashomon", em 1915, atraiu a admiração dos intelectuais e converteu-o
num dos protegidos do influente romancista Natsume Soseki. Nos anos
seguintes, Akutagawa escreveu contos inspirados na história e nas lendas
tradicionais de seu país, através dos quais transmitiu uma fina ironia
psicológica em linguagem apurada e elegante, influenciada, segundo o
próprio autor, por Anatole France.
Tido como o primeiro escritor japonês a atrair a atenção da crítica e dos leitores ocidentais, Akutagawa foi também pioneiro na introdução do estilo europeu na literatura japonesa.
Entre suas narrativas destacam-se "Hana" (1916; "O nariz"), "Tabako to akuma" (1917; "O tabaco e o demônio"), ambientado no século XVI durante o chamado "período cristão", e "Yubu no naka" (1921; "Na floresta"). O último desses textos revela a progressiva inclinação do autor para o macabro e constituiu, juntamente com "Rashomon", o núcleo do filme realizado com esse mesmo nome por Akira Kurosawa em 1951.
O pessimismo mórbido de Akutagawa, devido em parte ao temor de herdar a doença mental que acometera sua mãe, acentuou-se a partir de 1922. Prova disso deram as cartas e textos autobiográficos, em que confessava uma profunda depressão, e a extraordinária sátira "Kappa" (1927; "O tritão"), uma cruel paródia do mundo, na qual um doente viaja em sonhos ao país dos espíritos marinhos. Akutagawa suicidou-se em 24 de julho de 1927, na cidade onde nasceu, quando se encontrava no auge do prestígio.