Alain Resnais
Alain Resnais nasceu em Vannes, França, em 3 de junho de 1922. Vítima de
asma crônica, interessou-se por atividades criativas durante a
infância. Ganhou uma câmara de filmar e, aos 14 anos, dirigiu os colegas
de escola numa versão do popular Fantômas. Isentado de participar da
segunda guerra mundial devido à doença, cursou o Instituto de Altos
Estudos Cinematográficos, em Paris. Realizou oito curtas-metragens,
documentários como Van Gogh (1948), Gauguin (1950), Guernica (1950).
Enfocou a arte africana em Les Statues meurent aussi (1953; As estátuas
também morrem), proibido durante 12 anos por menções ao colonialismo. Em
Nuit et brouillard (1955; Noite e escuridão) usou como tema os campos
de concentração nazista.
Os filmes de Resnais mostram pessoas sensíveis confrontadas com seus próprios instintos ferozes, angustiadas com a efemeridade do tempo e encontrando a paz na solidão meditativa.
A criatividade e a técnica requintada de seu trabalho tornaram-se notórias com o longa-metragem Hiroshima, mon amour (1959; Hiroxima, meu amor), seu primeiro sucesso internacional. Com script da escritora Marguerite Duras, é a história de uma cineasta francesa que vai filmar no Japão e se apaixona por um homem que lhe lembra seu primeiro amante. Seguiu-se L'Année dernière à Marienbad (1961; O ano passado em Marienbad), com roteiro de Alain Robbe-Grillet. Com esse filme, uma narrativa fluida e enigmática, filmada com extremo virtuosismo num décor de sonho, Resnais confirmou seu talento e passou a ser considerado um dos líderes da nouvelle vague.
O esplendor da linguagem cinematográfica dessas duas realizações, as intermináveis polêmicas e mal-entendidos que suscitaram foram em parte responsáveis, porém, pelo malogro de filmes posteriores: Muriel (1963), no qual abordou a tortura policial; La Guerre est finie (1966; A guerra acabou), com roteiro de Jorge Semprun, pungente evocação da guerra civil espanhola e de seu impacto sobre os exilados ao longo dos anos; e Je t'aime, je t'aime (1968; Eu te amo, eu te amo).
Resnais expatriou-se para os Estados Unidos e só retornou à França em 1973, quando fez, também com Semprun, Stavisky (1974), que focaliza num fundo político um escândalo que abalou a França em 1934, e Providence (1977), obra anglo-americana. Com Mon oncle d'Amérique (1980; Meu tio da América), recebeu prêmio especial do júri do Festival Internacional de Cannes.