André Breton
Poeta francês, André Breton nasceu em Tinchebray em 18 de fevereiro de
1896. Por exigência da família, estudou medicina, mas sua vocação
literária logo se impôs. Durante a primeira guerra mundial foi designado
para os serviços neuropsiquiátricos de um hospital, onde entrou em
contato com a obra de Freud e se interessou pelo mundo do inconsciente.
Mais tarde se ligou ao movimento dadaísta e em 1919 publicou o livro de
poemas Mont de piété (Montepio), cuja violência verbal antecipava obras
posteriores. No mesmo ano, em colaboração com Philippe Soupault e Louis
Aragon, fundou a revista Littérature, que acolheu em suas páginas o
primeiro texto surrealista, "Les Champs magnétiques" (1920; "Os campos
magnéticos"), escrito por Breton e Soupault.
Preocupado principalmente com a eliminação das barreiras existentes entre o sonho e a realidade, a razão e a loucura, André Breton tornou-se o principal mentor do movimento surrealista.
Em 1924 apareceu o Manifeste du surréalisme, crítica dos valores estéticos e éticos tradicionais, em que Breton proclamava a primazia dos componentes oníricos sobre os racionais e, como meio de verbalizar a subjetividade psíquica, defendia a escrita automática, na qual o autor expressa o que lhe vem à mente sem pensar em seu significado. Breton aplicou essas concepções a livros de poemas como Clair de terre (1923; Claridade de terra, título neologista a partir da expressão francesa clair de lune, luar) e a narrativas como Nadja (1928), assim como a textos teóricos, entre os quais o célebre Les Pas perdus (1924; Os passos perdidos). Um segundo manifesto, de 1930, postulava a adesão do surrealismo ao Partido Comunista, com o qual Breton rompeu cinco anos depois, embora se mantivesse marxista. Em 1937 publicou o conto L'Amour fou (O amor louco), verdadeira síntese de sua obra.
Depois da segunda guerra mundial, Breton continuou líder do surrealismo, cuja evolução se refletiu em muitos trabalhos seus. Em 1965 reuniu suas principais obras teóricas em Manifestes du surréalisme, imprescindível para a compreensão do movimento. Breton morreu em Paris em 28 de setembro de 1966.