Antero Tarqüínio de Quental nasceu em Ponta Delgada, na ilha de São
Miguel, Açores, em 18 de abril de 1842. Iniciou os estudos na cidade
natal e aos 16 anos se transferiu para Coimbra, onde logo se destacou no
meio estudantil. A religiosidade herdada da mãe e os exemplos do pai e
do avô, que sempre se opuseram ao absolutismo, aliados a uma grande
sensibilidade, fizeram com que se preocupasse desde cedo com os
problemas sociais.
Poeta, pensador e estudioso da história e dos problemas portugueses, Antero de Quental foi o ideólogo socialista da chamada Geração de 1870 e um dos intelectuais que mais influenciaram o pensamento de seu país na segunda metade do século XIX.
Em Coimbra, organizou a Sociedade do Raio, que pretendia renovar o país pela literatura. Em 1861 publicou seus primeiros sonetos. Quatro anos depois, editou as Odes modernas, fortemente influenciadas pelo idealismo hegeliano e o socialismo de Proudhon, em que prega a revolução como uma espécie de cristianismo do mundo moderno. No mesmo ano, teve início a chamada Questão Coimbrã, em que Antero e os poetas de sua geração foram atacados por Antônio Feliciano de Castilho por serem instigadores da revolução intelectual dos estudantes contra o tradicionalismo romântico, político e religioso. Em resposta, Antero de Quental redigiu os opúsculos Bom senso e bom gosto, carta ao Exmo. Senhor Antônio Feliciano de Castilho e A dignidade das letras e as literaturas oficiais, sobre a missão moral e social do escritor.
Após intensa polêmica entre os conservadores e os que, como ele, se opunham às correntes filosóficas então em voga -- o determinismo e o positivismo -- Antero de Quental embarcou para Paris, decidido a aprender tipografia e a viver como operário. Trabalhou dois anos como tipógrafo mas, com a saúde debilitada, regressou a Lisboa em 1868 e iniciou uma fase de intensa militância. Criou com outros literatos, entre eles Eça de Queirós, Ramalho Ortigão e Guerra Junqueiro, o grupo Cenáculo. Foi um dos fundadores do Partido Socialista Português e aderiu à I Internacional. No ano seguinte, fundou o jornal A República, com Oliveira Martins e, em 1872, passou a editar, em colaboração com José Fontana, a revista O Pensamento Social.
Vítima de tuberculose, foi obrigado a permanecer em repouso durante o ano de 1874, mas em 1875 conseguiu reeditar as Odes modernas. Transferiu-se para a cidade do Porto em 1879 e em 1886 publicou sua melhor obra poética, Sonetos completos, de nítido sentido autobiográfico e simbolismo profundo. Em 1891, Antero de Quental regressou a Ponta Delgada. O agravamento da doença, porém, intensificou a tendência depressiva do escritor, que acabou por suicidar-se, na cidade natal, em 11 de setembro de 1891.