
Audacioso nas invenções da juventude, quando indicou novos caminhos ao aderir ao verso livre, o francês Louis Aragon conquistou no entanto uma audiência maior ao retornar, nas obras da maturidade, aos ritmos, à rima e a outros recursos tradicionais da criação literária.
A ruptura definitiva deu-se com o poema Hourra l'Oural (1934; Viva o Ural), que marca a transição para sua fase socialista. Renegando o passado, Aragon moveu-se da irreverência dos primeiros textos para a acusação racional e moral contida em romances como os da série Le Monde réel (O mundo real), escritos após uma viagem à União Soviética: Les Cloches de Bâle (1934; Os sinos de Basiléia), Les Beaux Quartiers (1936; Os belos bairros), Les Voyageurs de l'Impériale (1942; Os viajantes da Imperial).
As reivindicações sociais e proletárias mantiveram-se nas obras seguintes, como Aurélien (1944; Aureliano), um de seus melhores romances, e La Semaine sainte (1958; A semana santa), romance histórico baseado na guerra de cem dias, desencadeada quando Napoleão fugiu de Elba e dominou a França pela segunda vez, até ser derrotado em Waterloo.
Na poesia de sua segunda fase, Aragon buscou apoio na rima e nas figuras de retórica da canção medieval. Tal poesia ora exalta a Resistência francesa, como em Le Crève-coeur (1941; Rasga-coração), ora consta de poemas de amor, como em Les Yeux d'Elsa (1942; Os olhos de Elsa), dedicados a sua mulher, a escritora Elsa Triolet (1896-1970), russa de nascimento e cunhada do poeta Vladimir Maiakovski. Louis Aragon morreu em Paris em 24 de dezembro de 1982.