Afonso Henriques da Costa Guimarães nasceu em Ouro Preto (MG( em 24 de
julho de 1870. Estudou engenharia e direito. Apaixonou-se por sua prima
Constança, que morreu logo depois. Em São Paulo, colaborou na imprensa e
freqüentou a Vila Kyrial, de José de Freitas Vale, onde se reuniam os
jovens simbolistas. Em 1895, no Rio de Janeiro, conheceu Cruz e Souza.
Foi juiz e promotor em Conceição do Serro MG.
Poeta em que devoção e equilíbrio se dão as mãos desde o início, Alphonsus de Guimaraens foi mestre de um lirismo místico, em que busca e sublima a amada entre o luar e as sombras, o amor e a morte.
De seus livros, os três primeiros foram publicados no mesmo ano (1899): Dona mística, Câmara ardente e o Setenário das dores de Nossa Senhora. Foi escrito antes, no entanto, o Kyriale (1902), sua coletânea mais representativa. Seguiram-se Pauvre lyre e Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923).
Um dos principais representantes do movimento simbolista no Brasil, sua obra, de influência francesa (Verlaine, Mallarmé -- que traduziu), adquire com freqüência acentos arcaizantes e de envolvente conteúdo lírico, uma vez que o exprime num misticismo enraizado no fundo da subjetividade e, desse modo, como uma compulsão do inconsciente. Em ritmo elegíaco e de solene musicalidade, multiplica a imagem da amada: são "Sete damas", são "As onze mil virgens", Ester, Celeste, Nossa Senhora (com quem identifica Constança), ou a célebre "Ismália".
Oscila, assim, entre os indícios materiais da morte e a expectativa do sobrenatural, como se toda a sua poesia se fizesse em variações de um mesmo réquiem. Mas a evolução da linguagem é permanente e a tendência a um barroco discreto -- de Ouro Preto, Mariana -- se flexibiliza, se inova com acentos verlainianos, mallarmaicos, de que brotam imagens muitas vezes ousadas, não longe da invenção surrealista. Alphonsus de Guimaraens morreu em Mariana MG em 15 de julho de 1921.