ANDRÉ GIDE - ESCRITOR FRANCÊS

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André Gide
André-Paul-Guillaume Gide nasceu em Paris em 22 de novembro de 1869. Casou-se em 1895 com uma prima, Madeleine Rondeaux, e passou a viver entre Paris e a propriedade da família em Cuverville, além de empreender freqüentes viagens pela Europa. Distanciando-se dos padrões simbolistas que marcaram suas primeiras obras, publicou Les Nourritures terrestres (1897; Os frutos da terra), cântico da cumplicidade de um jovem com o prazer sensual e breviário de revolta que promove a libertação do autor pela prática da sinceridade. Essa prosa poética tornou-se um marco na trajetória de Gide: uma convalescença no norte da África ensinara-lhe o valor da existência, da disponibilidade, da abertura para o momento presente e do fervor que dá à vida seu significado maior.

A formação de André Gide, de base religiosa e puritana, logo se chocou com seu gosto de viver livremente, sem respeito pelas convenções sexuais, sociais e religiosas da época, o que se revela nitidamente em sua obra. O Prêmio Nobel de literatura, que recebeu em 1947, representou o reconhecimento público a um dos mestres da prosa contemporânea.

Nas duas décadas seguintes, a produção de André Gide esteve centrada na idéia da libertação interior e do que ele mesmo chamou a dificuldade de ser livre. L'Immoraliste (1902; O imoralista), Saül (1903), La Porte étroite (1909; A porta estreita) mostram o problema da ruptura com a moralidade convencional e suas conseqüências. O romance satírico Les Caves du Vatican (1914; Os subterrâneos do Vaticano), protagonizado por Lafcádio, um de seus personagens mais famosos, desenvolve a teoria do acte gratuit (ato gratuito), para afirmar a liberdade humana de optar pelo suicídio, por exemplo, ou pelo homossexualismo. Sua constante preocupação com o problema evidencia-se em Corydon (1924), Si le grain ne meurt (1926; Se o grão não morre) e Les Faux- Monnayeurs (1926; Os moedeiros falsos), romance experimental cujo desdobramento coincide, sem dissimulação, com a própria personalidade do autor.

Após a primeira guerra mundial, Gide ascendeu ao primeiro plano da vida literária. O clima de saturação com o passado então reinante, determinado pela falta de perspectivas, entrava em perfeita sintonia com sua revolta contra as convenções, a sinceridade e a preocupação com a autenticidade. Datam dessa fase a ostensiva defesa dos povos oprimidos nas colônias francesas da África em Voyage au Congo (1927; Viagem ao Congo), e o efêmero entusiasmo pelo comunismo e a revolução russa, tema discutido em Retour de l'URSS (1936; Volta da URSS).

O documento mais completo da personalidade de Gide é o Journal (Diário), que cobre o período de 1889 a 1949. Para muitos sua maior obra, nela encontram-se todas as vivências, idéias, lembranças, sensações e sentimentos, num testemunho de sessenta anos de vida literária e cultural. André Gide morreu em Paris em 19 de fevereiro de 1951.

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