JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA - PATRIARCA DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

José Bonifácio de Andrada e Silva nasceu em Santos (SP), em 13 de junho de 1763. Diplomou-se em filosofia e leis pela Universidade de Coimbra e completou em Paris os cursos de mineralogia e química. Seus estudos levaram-no a percorrer durante dez anos vários países da Europa. De volta a Portugal, ocupou a cadeira de mineralogia de Coimbra e exerceu diversos cargos ligados a sua especialidade.

Nascido no Brasil mas radicado em Portugal durante grande parte da vida, o Patriarca da Independência foi o primeiro brasileiro a ocupar um ministério, no reinado de D.Pedro I, de cujos filhos seria mais tarde nomeado tutor.

Em 1808 e 1809 participou das lutas contra as invasões francesas, tendo conquistado as patentes de major, tenente-coronel e comandante. Adepto do sistema monárquico, não poupou no entanto críticas ao governo português e admoestações severas dirigidas aos ministros de estado. É quase certo que colaborou com Francisco de Melo Franco no poema "O reino da estupidez", que satiriza os professores e métodos de ensino de Coimbra.

Regresso ao Brasil. Aos 56 anos de idade, voltou finalmente ao Brasil e recolheu-se ao sítio de Santos em companhia da família, da biblioteca com seis mil volumes e de suas preciosas coleções de moedas e minerais. Sistematizou suas idéias sobre a administração da província de São Paulo num folheto e o enviou a Lisboa. Nomeado vice-presidente da junta governante de São Paulo constituída em junho de 1821, já no ano seguinte assumiu o cargo de ministro do Reino, tornando-se o líder do movimento pela consolidação da regência de D.Pedro, em oposição às medidas recolonizadoras de Lisboa.

A gestão de José Bonifácio como ministro foi marcada por disputas com a maçonaria, organização da qual fazia parte mas de cujo grupo político, liderado por Joaquim Gonçalves Ledo, divergia. Ledo é o provável autor da proclamação "Aos povos do Brasil" de 1°de agosto de 1822, na qual se fala em união e independência. José Bonifácio assinou, em 6 de agosto, o manifesto às nações amigas. A rivalidade provocou a demissão de José Bonifácio e seu irmão Martim Francisco, aceita por D. Pedro I poucos dias após sua aclamação como imperador, mas retratada 48 horas depois. Reassumiu com plenos poderes e se propôs colocar em prática o programa de "centralizar a união e prevenir desordens". Teve lugar então a devassa conhecida como Bonifácia, com prisão e exílio dos adversários dos Andradas.

Novo conflito surgiu com os debates da assembléia constituinte, instalada em 3 de maio de 1823, sob a chefia de Antônio Carlos de Andrada. As questões polêmicas iam da extinção do tráfico negreiro ao fortalecimento do poder imperial, permeada pela antiga rivalidade entre portugueses natos (pés-de-chumbo) e brasileiros (pés-de-cabra). A questão que determinou o afastamento de José Bonifácio foi um projeto que fixava o prazo de três meses para a expulsão dos portugueses suspeitos de posições contrárias à independência. Os Andradas mantinham-se intransigentes e recusavam até mesmo a anistia aos adversários políticos de São Paulo.

Oposição, exílio e novo regresso. Ao sair do ministério, José Bonifácio passou à oposição e fundou o jornal O Tamoio. Em 11 de novembro de 1823 dissolveu-se a assembléia e os Andradas foram presos e banidos. Exilado na França, José Bonifácio publicou em 1825 as Poesias avulsas de Américo Elísio. Retornou ao Brasil em 1829 e retirou-se para a ilha de Paquetá RJ, de onde saiu para assumir a cadeira de deputado pela Bahia, na condição de suplente, em apenas duas sessões legislativas.

Já reconciliado com D.Pedro I na época da abdicação, José Bonifácio assumiu a tutoria dos filhos do imperador. Um decreto da regência, em dezembro de 1833, suspendeu-o da função. Preso em seu domicílio de Paquetá, aguardou o resultado do processo instaurado contra ele por conspiração, só encerrado em 1835.

Da obra de José Bonifácio, além das monografias científicas, destaca-se a contribuição do estadista expressa em cinco documentos: Lembranças e apontamentos (1821), Instruções de 19 de junho (1822), Manifesto do príncipe-regente do Brasil aos governos e nações amigas (1822), Apontamentos para a civilização dos índios bravos do Império do Brasil (1823) e Representação à Assembléia Geral Constituinte e Legislativa do Império do Brasil sobre a escravatura (1825).

Em seus últimos anos de vida permaneceu em Paquetá, de onde só saía para reuniões da maçonaria e da Sociedade de Medicina. Morreu em Niterói RJ em 6 de abril de 1838.

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