GONÇALVES DIAS - ESCRITOR BRASILEIRO

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Antônio Gonçalves Dias
Antônio Gonçalves Dias nasceu no sítio Boa Vista, perto de Caxias (MA), em 10 de agosto de 1823. Filho de um português e de uma mestiça, teve bons preceptores e trabalhou na loja do pai antes de seguir para a Universidade de Coimbra, pela qual se graduou em direito (1844). Retornou ao Maranhão e em 1846 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde tornou-se professor de latim e história do Brasil no Colégio Pedro II. Foi um dos fundadores da revista Guanabara e escreveu crônicas, críticas e folhetins literários para jornais como o Correio Mercantil e o Correio da Tarde. Morou, nessa época, na rua dos Latoeiros, que depois tomou seu nome. Nomeado oficial da Secretaria dos Negócios Estrangeiros em 1852, partiu para a Europa em 1854, com a incumbência de estudar métodos de instrução pública em diferentes países. Na Alemanha, entrou em contato com o editor Brockhaus, que publicaria depois parte de sua obra.

Desde meados do século XIX Gonçalves Dias foi visto como o verdadeiro criador da literatura nacional. Cantor dos índios e das coisas do Novo Mundo, consolidou o romantismo brasileiro e serviu de modelo a todos os poetas seguintes, de Junqueira Freire a Castro Alves.

De volta ao Brasil, em 1859 deu início a uma série de viagens pela Amazônia, como chefe da seção de etnografia da Comissão Científica de Exploração. Foi a Manaus, ao rio Negro e à região do Madeira, à Venezuela e o Peru. Em 1862, com graves transtornos de saúde, voltou mais uma vez à Europa.

Obra. Em seus tempos de Coimbra, Gonçalves Dias escreveu dois romances, por ele mesmo destruídos, duas peças teatrais e alguns poemas. Em um dos romances destruídos, Memória de Agapito Goiaba, figurava a "Canção do exílio" ("Minha terra tem palmeiras / Onde canta o sabiá"), um de seus poemas mais conhecidos, que tem a particularidade de não apresentar nenhum adjetivo nos 24 versos que o compõem.

Em 1847 foram editadas duas de suas obras: Primeiros cantos e, na publicação Arquivo Teatral, o drama em prosa Leonor de Mendonça, escrito em 1846, de inspiração portuguesa mas situado até hoje entre os mais importantes da dramaturgia brasileira. Em 1848 apareceram os Segundos cantos e as Sextilhas de frei Antão. Em 1850, outro drama, Boabdil, e os Últimos cantos.

Embora a posteridade haja valorizado Gonçalves Dias sobretudo por sua brasilidade e pelos temas indianistas, nele encontrou muito mais. Em seu modo de ver e defender a natureza, por exemplo, há claros indícios que antecipam a preocupação ecológica. No terreno formal, a multiplicidade dos ritmos que empregou fez escola. Sua obra rica e variada já continha inclusive, segundo Antônio Cândido, "o germe de certos desequilíbrios" que as gerações seguintes cultivariam.

Em 1857, a editora Brockhaus lançou em Dresden, Alemanha, três obras de Gonçalves Dias: os Cantos, que englobam toda sua poesia, os quatro primeiros cantos de Os timbiras, poema indianista que ficou inconcluso, e seu Dicionário da língua tupi. Em 1868-1869, em seis volumes, foram publicadas suas obras póstumas, incluindo dois dramas em prosa escritos em 1843, Patkull e Beatriz Cenci; e A noiva de Messina, tradução do drama de Schiller Die Braut von Messina. Sem data, foram publicados o poema em prosa Meditação, de tom bíblico e inspiração abolicionista, e a memória Brasil e Oceania.

Em 10 de setembro de 1864, após inúteis esforços de recuperar a saúde na Europa, Gonçalves Dias partiu de regresso, do porto francês do Havre, no navio Ville de Boulogne, que naufragou na costa maranhense. O poeta foi o único a morrer no naufrágio, perto de Guimarães MA, em 3 de novembro de 1864.

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