Alban Berg
Alban Berg nasceu em 9 de fevereiro de 1885, em Viena, de família
próspera e voltada para a música. Aos 18 anos, devido a uma decepção
amorosa, tentou o suicídio. No ano seguinte, conheceu Schoenberg, com
quem estudou até 1910. Em 1914 viveu outra experiência decisiva:
assistiu a uma representação do drama de Georg Büchner, Wozzeck, em que
um soldado meio louco e humilhado por todos é traído pela mulher e acaba
por matá-la. Impressionado, Berg dedicou-se durante anos à ópera
Wozzeck, sobre o texto de Büchner. Com somente algumas passagens
dodecafônicas, e as outras atonais, a música vale-se de antigas formas
da polifonia barroca e envolve em atmosfera expressionista o texto de
componentes folclóricos e sentido revolucionário. Encenada em Berlim em
1925, a obra foi mal aceita pelo público, embora se impusesse, mais
tarde, como a única ópera moderna cada vez mais presente no repertório.
Para Stravinski, Alban Berg "superou até seu modelo", Arnold Schoenberg. Com sua ópera Wozzeck, de pungente realismo social, Berg tornou-se o integrante mais conhecido da demolidora escola de Viena e criou música dramática de rigorosa modernidade.
A música de câmara mereceu atenção ainda mais constante do compositor, sobretudo a partir de 1910, ano do quarteto de cordas opus 3. Consagradas como obras-primas de pureza instrumental são as quatro peças para clarinete e piano opus 5, de 1913. O concerto de câmara para violino, piano e 13 instrumentos de sopro, e sobretudo a Suíte lírica para quarteto de cordas, de 1926, já inteiramente dodecafônicos, figuram entre as obras mais importantes de Berg.
Em 1929 Berg compôs Der Wein (O vinho), ária de concerto para soprano e orquestra sobre três poemas de Baudelaire traduzidos por Stefan George, quando já trabalhava em sua segunda ópera, Lulu, de um realismo erótico chocante para seu tempo, mas que não chegou a concluir. O último trabalho de Berg foi o concerto para violino ("À memória de um anjo"), dedicado à filha de Alma Mahler: dodecafônico-serial, transfigura em variações de inspiração visionária o coral da cantata nº 60 de Bach, Ó eternidade, terrível palavra.
A arte de Berg é menos intransigente que a de Schoenberg e menos absoluta que a de Webern; dos três, ele é o mais expressionista, ainda com vestígios de romantismo. De saúde frágil, Alban Berg morreu em Viena, em 24 de dezembro de 1935, devido a um tumor provocado, aparentemente, pela picada de um inseto.