ALEJO CARPENTIER - ESCRITOR CUBANO

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Alejo Carpentier
Alejo Carpentier y Valmont, filho de um arquiteto francês, nasceu em 26 de dezembro de 1904 em Havana. Em 1921 abandonou os estudos de música e arquitetura pelo jornalismo e integrou-se a um movimento literário progressista, o Grupo Minorista. Preso em 1927 por criticar a ditadura de Gerardo Machado, começou a escrever na cadeia seu primeiro romance, ¡Ecué-Yamba-Ó!, publicado em Madri em 1933, cujo tema é a vida e a cultura das comunidades negras de Cuba. De 1928 a 1939 esteve exilado na França, onde entrou em contato com o movimento surrealista, o qual, segundo confessou o escritor, levou-o a perceber a realidade "telúrica" do continente americano, subjacente aos temas indigenistas. Visitou a Espanha durante a guerra civil, em apoio aos republicanos. De volta a Cuba, trabalhou no rádio e na imprensa e chegou a lecionar música no conservatório nacional, o que o impeliu a escrever La música en Cuba (1946).

A prosa de Carpentier, calcada no "realismo mágico" e vazada numa suntuosidade formal raramente superada, traduz todo o fascínio do mundo caribenho.

Em 1945 radicou-se na Venezuela, mas continuou a viajar muito. O interesse pela mitologia americana convenceu-o de que, para captar aquela realidade, o realismo era insuficiente e o surrealismo, em cuja defesa havia colaborado, estéril. Mais adequado seria extrair o real e insólito que a realidade lhe oferecia, o que ele chamou de "real maravilhoso", que "se encontra a cada passo na história do continente". Uma visita ao Haiti proporcionou-lhe o tema para o romance El reino de este mundo (1949), centrado na figura do tirano Henri Christophe, líder dos escravos negros que conquistaram a independência da ilha. A selva venezuelana inspirou-lhe Los pasos perdidos (1953), que narra a fuga de um antropólogo da civilização ocidental para a autenticidade do mundo mítico ancestral indígena.

Em 1958 Carpentier publicou o livro de contos Guerra del tiempo e um ano mais tarde voltou a Cuba, onde apoiou a revolução de Fidel Castro. Ali publicou uma obra capital, El Siglo de las Luces (1962), na qual, num ambiente caribenho, interpreta as contradições da revolução francesa, sua violência e perda de ideais. Como em nenhum outro romance, Carpentier mostra-se mestre de um estilo barroco, exuberante, realçado pela complexidade das estruturas narrativas e pelo rigor histórico.

Em 1970 foi nomeado adido cultural cubano em Paris. Durante esse último período de sua vida, escreveu os romances El recurso del método (1974), Concierto barroco (1974), La consagración de la primavera (1978) e El arpa y la sombra (1979), nos quais reafirmou sua visão da América ibérica como produto de uma grande encruzilhada cultural. Alejo Carpentier morreu em Paris em 24 de abril de 1980.

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