Ana Justina Ferreira Néri nasceu na vila de Cachoeira de Paraguaçu (BA) em
13 de dezembro de 1814. Viúva do capitão-de-fragata Isidoro Antonio
Néri, viu seus filhos -- o cadete Pedro Antônio Néri e os médicos
Isidoro Antônio Néri Filho e Justiniano de Castro Rebelo -- e seus
irmãos Manuel Jerônimo Ferreira e Joaquim Maurício Ferreira, ambos
oficiais do Exército, serem convocados para a guerra do Paraguai. Ana
Néri escreveu então ao presidente da província uma carta em que oferecia
seus serviços como enfermeira enquanto durasse o conflito.
A primeira escola oficial de enfermagem de alto padrão no Brasil, fundada por Carlos Chagas em 1923, recebeu em 1926 o nome de Ana Néri, em homenagem à primeira enfermeira brasileira, que serviu como voluntária na guerra do Paraguai.
Partiu da Bahia, de onde nunca saíra, em 1865, para auxiliar o corpo de saúde do Exército, que era pequeno e contava com pouco material. Começou seu trabalho nos hospitais de Corrientes, onde havia, nessa época, cerca de seis mil soldados internados e algumas poucas freiras vicentinas. Mais tarde, assistiu os feridos em Salto, Humaitá, Curupaiti e Assunção. Mulher de posses, com seus recursos montou na capital conquistada, na própria casa em que morava, uma enfermaria limpa e modelar. Ali trabalhou abnegadamente até o fim da guerra, na qual perdeu seu filho Justiniano e um sobrinho, que se alistara como voluntário da pátria.
De volta ao Brasil em 1870, Ana Néri recebeu várias homenagens. Foi condecorada com as medalhas de prata humanitária e da campanha. Recebeu do imperador uma pensão vitalícia com a qual educou quatro órfãos que recolhera no Paraguai. Seu retrato de corpo inteiro, obra de Vítor Meireles, figura em lugar de honra no paço municipal de Salvador. Ana Néri morreu no Rio de Janeiro RJ em 20 de maio de 1880.