Alexandre VI
Rodrigo de Borja y Doms, em italiano Rodrigo Borgia (em português,
Bórgia), que como papa tomou o nome de Alexandre VI, nasceu em Játiva,
na província de Valência, Espanha (então no reino de Aragão), em 1º de
janeiro de 1431. Eram seus tios, pelo lado materno, Afonso, rei de
Aragão, e, pelo lado paterno, Alfonso Borja, o papa Calixto III. Graças a
este último, estudou direito em Bolonha, e depois ordenou-se, iniciando
uma meteórica carreira eclesiástica, que lhe permitiu acumular enorme
fortuna pessoal.
Membro da poderosa família Borgia, Alexandre VI foi um papa corrupto e ambicioso, cujo pontificado contribuiu para o crescimento da Reforma. Por outro lado, sua eficiência como diplomata concorreu para a unificação da península italiana.
Com a morte do tio, Rodrigo tornou-se o personagem mais importante da cúria. Sob o pontificado de Xisto IV, foi legado na Espanha. De Pio II recebeu a advertência pela vida dissoluta: teve numerosos filhos de várias mulheres, e reconheceu por bula os que nasceram de Vannozza Catanei: Giovanni, César, Lucrécia e Jofre. Em 1492 morreu Inocêncio VIII, e Rodrigo usou quase todos os seus bens para eleger-se papa, comprando os competidores.
Com nepotismo desenfreado, Alexandre VI povoou a cúria de Borgias, ao mesmo tempo que se ligava a Júlia Farnese, chamada pelo povo Giulia la Bella ou "a esposa de Cristo". Com ela, teve uma filha, Laura. Em 1501, reconhecia numa bula, como filho, a Giovanni, conhecido como o "infante romano", enquanto em outra, do mesmo dia, atribuía sua paternidade a César. O frade Girolamo Savonarola denunciou-o como "simoníaco, herético e infiel". Em 1498, Alexandre VI convocou-o a Roma, e Savonarola foi julgado e condenado à morte na fogueira.
O pontificado de Alexandre VI coincidiu com uma época de conflito, pois a França e a Espanha disputavam a posse do reino de Nápoles e o controle sobre a península italiana. Alexandre VI exibiu então sua habilidade como árbitro: inicialmente opôs-se à França, quando Carlos VIII realizou uma expedição à Itália, porém mais tarde aliou-se a Luís XII, em resposta ao apoio deste às tropas de seu filho César, que tentou criar um reino na Itália central. Do mesmo modo, negou apoio incondicional à política de Fernando o Católico em relação à Itália. Com a bula Inter caetera (1493), base do Tratado de Tordesilhas, demarcou as fronteiras das terras de Portugal e da Espanha depois do descobrimento da América. Internamente, Alexandre VI consolidou a estrutura política do pontificado e prestigiou a criação artística em uma das etapas mais importantes do Renascimento, mas também inaugurou a censura à imprensa pelas autoridades eclesiásticas. Morreu em Roma em 18 de agosto de 1503.