ANTON TCHEKHOV - CONTISTA RUSSO

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Anton Tchekhov
Anton Pavlovitch Tchekhov nasceu em Taganrog, porto do mar de Azov, na Rússia, em 29 de janeiro (17 de janeiro, pelo calendário juliano) de 1860. Filho de um merceeiro de rígidas convicções religiosas, recebeu formação escolar tradicional, baseada nos clássicos gregos e latinos. A insipidez do ensino, no entanto, motivou-lhe aversão por essa literatura. Devido à falência da família, custeou seus últimos anos de colégio dando aulas particulares.

A obra de Tchekhov, mestre do conto e do drama, se enquadra nos postulados da escola realista russa do final do século XIX. Seu principal recurso é o simbolismo, que confere a coisas insignificantes um profundo conteúdo filosófico.

Em 1879 juntou-se aos pais, que se haviam radicado em Moscou, e cinco anos mais tarde formou-se em medicina. Com o fracasso financeiro do pai e a vida boêmia de seus dois irmãos mais velhos, um jornalista e um artista plástico, Anton tornou-se o principal responsável pelo sustento da mãe e dos irmãos menores. Jornalista e escritor autônomo, acumulou essas atividades com o estudo da medicina e intensa vida social.

Começou a carreira de escritor com crônicas para jornais de humor, que assinava com pseudônimo. Em 1888, tornara-se famoso com essa literatura cômica e popularesca, já então mais volumosa do que toda a sua produção madura posterior. Os escritos dramáticos, inicialmente meros experimentos, já começavam a absorvê-lo e logo predominariam sobre a comédia. Seu  primeiro trabalho sério foi "Step" (1888; "A estepe"), publicado numa revista literária importante. A partir de então, à qualidade de sua produção literária correspondeu uma drástica diminuição da quantidade. Uma fase pessimista seguiu-se à morte prematura de seu irmão Nikolai, causada pela tuberculose.

Tchekhov atribuía grande importância à liberdade política e artística, e desprezava os engajamentos e radicalismos, fossem de esquerda ou direita. Os críticos e o público entenderam essa posição como indefinição política e o escritor sentiu-se pressionado por expectativas a seu respeito a que não pretendia corresponder. Afastou-se por longo período da vida urbana, quando realizou sozinho uma expedição à remota ilha Sakhalin, para onde eram deportados os condenados a trabalhos forçados.

Entre 1892 e 1898, Tchekhov viveu no campo, a cerca de oitenta quilômetros de Moscou, com os pais e a irmã Mariya. Tornou-se proeminente na pequena comunidade, onde angariava fundos para a construção de escolas e socorria os camponeses que precisavam de cuidados médicos. Nesse período, o mais produtivo de sua vida, reuniu em forma de tese as informações coletadas na viagem a Sakhalin, num trabalho que constitui importante fonte sobre a história do sistema penal russo. Escreveu também inúmeros contos de rara sensibilidade, como "Palata 6" (1892; "Enfermaria nº~6") e "Mujiki" (1897; "Os camponeses").

Tchaika (1896; A gaivota), estudo sobre o conflito entre gerações, é a única peça teatral escrita com certeza nessa época. Sua estréia em São Petersburgo foi muito mal recebida. Tchekhov retirou-se em meio ao segundo ato, convicto de que jamais voltaria a escrever para o teatro. Dois anos depois, no entanto, a peça foi remontada com sucesso pelo recém-criado Teatro de Arte de Moscou, dirigido por Stanislavski.

Em 1897, Tchekhov sofreu uma hemorragia pulmonar em conseqüência de uma tuberculose que insistia em ignorar. Vendeu sua propriedade campestre e, em 1899, mudou-se para um balneário na Criméia, forçado a afastar-se da vida intelectual de Moscou e São Petersburgo justamente quando começava a solidificar-se seu prestígio como dramaturgo. Na mesma época, apaixonou-se por Olga Knipper, jovem atriz do Teatro de Arte com quem se casou em 1901, embora sua saúde frágil o impedisse de acompanhá-la nas turnês e obrigasse o casal a viver separado durante boa parte do ano.

Suas últimas peças -- Tri sestri (1901; Três irmãs), que conta a vida monótona e tediosa de três mulheres provincianas que sonham viver em Moscou; e Vichnevi sad (1904; O jardim das cerejeiras), que relata a decadência de uma família aristocrática -- foram escritas especialmente para o Teatro de Arte. As montagens, no entanto, desagradavam-no sempre, pois o tratamento trágico e pesado distanciava-se de sua intenção original: abordar com humor os dramas do quotidiano. Nem mesmo a linguagem inovadora de Stanislavski, que introduzira no teatro russo um estilo natural e não-declamatório, parecia satisfazê-lo.

Anton Tchekhov morreu em Badenweiler, Alemanha, na noite de 14 para 15 de julho (1º e 2 de julho, no calendário juliano) de 1904. Aclamado ainda em vida pelo público russo, somente após a primeira guerra mundial tornou-se internacionalmente conhecido.

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