Abel Gance
Abel Gance nasceu em Paris em 25 de outubro de 1889. Poeta e dramaturgo,
iniciou-se no cinema como ator em Molière, de Leonce Perret (1909).
Contracenou com o cômico Max Linder e foi roteirista de Paganini e
outros filmes entre 1910 e 1911. Fundou uma produtora, para a qual
dirigiu La Digue (1911; O dique), Le Nègre blanc (1912) e La Folie du
docteur Tube (1915; A loucura do doutor Tube), filme em que abandona o
realismo para buscar a fantasia e o mito. O reconhecimento público veio
com Mater Dolorosa (1917), refilmada em 1932, e La Dixième Symphonie
(1918; A décima sinfonia). A reputação cresceu ao realizar J'accuse!
(1918; Eu acuso!, refeito em 1937), libelo contra a guerra. La Roue
(1922; A roda), filme sobre ferroviários e a mecanização da vida
moderna, foi montado de acordo com um padrão rítmico.
Lançador da tela panorâmica e do som estereofônico, Gance foi um dos mais ilustres cineastas do período situado entre as duas guerras mundiais. Em seus filmes, as experiências formais se aliam à temática histórica e à dramaturgia impressionista.
Napoléon (1926), sua obra-prima e um dos clássicos do cinema, levou quatro anos para ser rodado. Remontado e revisto em 1934, 1971 e 1979, o filme, que ficou incompleto, utilizou técnicas experimentais como a superposição, a colorização manual quadro-a-quadro e cortes rápidos para enfatizar o movimento cinematográfico. Gance rodou seqüências de batalha com três câmaras simultâneas, exibidos com três projetores separados que mostravam cenas vitais em cada uma das três telas interligadas. Outra obra ambiciosa foi Un grand amour de Beethoven (1936; Um grande amor de Beethoven). Gance dirigiu filmes até 1963. Morreu em Paris em 10 de novembro de 1981.