João Batista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu no Porto, em 4 de
fevereiro de 1799. Devido à invasão napoleônica, sua família emigrou
para os Açores, onde ele faz os primeiros estudos. Estudou direito em
Coimbra (1816) e, empolgado com o liberalismo, chamou a atenção como
orador. Em 1823 a contra-revolução absolutista levou-o a se exilar na
Inglaterra. Voltou ainda a Portugal, para fazer jornalismo, mas foi
preso e de novo seguiu para a Inglaterra. Em 1832 retornava como
combatente da causa liberal. Trabalhou como correspondente no Havre e,
em Bruxelas, como encarregado de negócios.
Personalidade ligada ao liberalismo, Almeida Garrett foi o iniciador do movimento romântico em Portugal, que renovou a poesia, o teatro e a ficção sobre bases nacionais.
Na Lírica de João Mínimo (1829), sua poesia ainda mostra a inspiração arcádica, mas com Camões (1825) e Dona Branca (1826), poemas narrativos, a tendência liberal e romântica se impõe claramente. Alcança a maturidade e adquire novas dimensões nas peças Um auto de Gil Vicente (1838) e O alfageme de Santarém (1841). Garrett se distingue, então, por uma crescente consciência da autenticidade cultural e histórica que devem ter seus temas e procedimentos dramáticos. Acrescente-se a isso certo retorno à concentração e severidade do teatro clássico, e se chega a obra-prima que é Frei Luís de Sousa (1844), drama de extrema tensão burguesa, a um tempo familiar e política, entre a fatalidade inexorável e as opções humanas. Imprimindo também novo rumo à prosa de ficção, no romance O arco de sant'Ana (1845-1850), Garrett dá um sentido mais crítico à novelística iniciada por Walter Scott.
Em Viagens na minha terra (1846), o escritor atinge surpreendente profundidade psicológica para sua época. A mesma preocupação com a alma portuguesa faz de Folhas caídas (1853) a expressão mais acabada do lirismo romântico no país. Organizador do Romanceiro e cancioneiro geral (1843), tomo I, Almeida Garrett morreu em Lisboa em 10 de dezembro de 1854.